Excelência ou cagaço?
Hoje eu quero falar sobre um dilema que muita gente vive, mas pouca gente compartilha: até que ponto a nossa busca por perfeição é, na verdade, medo disfarçado?
Profissionais responsáveis, atentos, cuidadosos – como você e eu – tendem a associar cautela a preparo, planejamento e formação contínua. E sim, tudo isso é super necessário. Mas e quando essa busca por estar pronto demais vira paralisia?
Eu já vivi isso. Em uma época da minha vida, já com uma segunda graduação concluída, e no meio de uma especialização, hesitava em dar passos profissionais maiores. Eu justificava para mim mesmo que era prudência. Mas, numa dessas sessões de terapia que te viram do avesso, ouvi da minha analista algo que mudou minha forma de enxergar: “Gustavo, você não acha que isso pode ser medo?”.
É claro que sai de lá incomodado e refletindo muito (a tal “análise entre sessões, ou “digestão psíquica” como se refere a psicanálise ao trabalho do inconsciente em ação). Sim, era medo. Ou, como se diz em um sofisticado francês carioca… cagaço.
O cagaço é silencioso, disfarçado de responsabilidade. Ele se esconde atrás de mais um curso, mais um certificado, mais uma preparação. Ele diz: ainda não é a hora. Ainda não estou completamente pronto. E o pior é que a gente acredita!
Enquanto isso, o mundo segue sendo construído por quem se joga mesmo sem saber tudo, por quem erra, aprende, testa de novo. Às vezes, até por quem não tem metade do nosso preparo, mas tem coragem (ou menos travas) de se colocar no jogo.
Isso não é uma apologia à irresponsabilidade. É apenas uma provocação. Um convite à consciência. Entre o aventureiro inconsequente que guia um grupo sem nunca ter subido uma montanha e o hiper preparado que nunca sai do lugar, existe um espaço saudável: o da experimentação.
Carreira se constrói com tentativa e erro. Com protótipos, não com manuais prontos. E isso vale especialmente para quem está buscando voos mais altos, como trabalhar remotamente para empresas estrangeiras ou simplesmente expandir a carreira em novas direções.
Você não precisa ter o inglês perfeito, saber tudo sobre o mercado ou dominar 100% das habilidades comportamentais para começar. Você precisa dar os primeiros passos. Navegar por sites de vagas, rever sua narrativa profissional conversar com quem já está nessa jornada. É no movimento que as oportunidades aparecem, e não o contrário.
É aí que mora a diferença entre quem age e quem paralisa.
Por isso, da próxima vez que sentir que está “se preparando demais”, se pergunte com sinceridade: isso é perfeccionismo ou cagaço?
Essa é a lógica que venho aplicando na minha própria trajetória há anos e que também está na base do meu Método Gworker que compartilho no livro Global Workers: Escolha seu melhor futuro.
Uma metodologia de carreira que entende que o movimento nos guia na direção que queremos. O mundo não quer saber o que você sonha ou deseja, mas justamente o inverso. Você precisa entender como funciona o novo mundo do trabalho e quais experiências e habilidades você já possui – ou precisa desenvolver – para fazer parte dele.