O tempo passa, e as chances também.
Semana passada, encontrei um amigo carioca que eu não via há algum tempo. Ele estava de passagem por São Paulo e combinamos de tomar um café no final do dia para colocar a conversa em dia.
Foi ótimo. Falamos da vida, trabalho, filhos…, mas notei que ele olhava o celular o tempo todo, bastante preocupado.
A filha dele, de 20 anos, aluna de Direito na PUC-Rio, estava em intercâmbio na França. Naquele exato momento, ela faria sua primeira viagem sozinha. Iria para Amsterdã de avião encontrar um grupo de amigas de diferentes nacionalidades que ela tinha conhecido em Paris.
Ele estava ansioso esperando pela mensagem dela, dizendo “cheguei bem”.
Ao ouvir aquilo, me bateu um misto de emoções. Tanto em me imaginar daqui uns anos quando minhas filhas se lançarão no mundo, quanto daquele Gustavo com 23 anos que viveu por um ano na Europa.
Voltei no tempo. Aquela mistura de medo, empolgação e liberdade é inesquecível. Lembrei dos bate voltas que fazia com a turma do curso sempre que sobrava um pouco de dinheiro e tinha algum feriado local.
Mas o que mais me impressionou naquela conversa, e quando minha cabeça viajou uns 25 anos no passado, foi perceber como a vida passa rápido.
E como a gente, muitas vezes, se perde tentando controlar o que é, por natureza, incontrolável.
O tempo não espera.
E as oportunidades também não.
Planejar é mais importante que o plano. Planejar é movimento. Mas, é preciso agir, se deixar ir (falo isso no meu livro).
Por isso, não dá para deixar de fazer o que precisa ser feito por medo, dúvida ou excesso de planejamento.
- Foi assim comigo quando dei minha primeira aula como professor universitário em uma disciplina fora da minha área de formação.
- Quando tive que encarar uma turma de 70 alunos, em uma universidade carioca, que torcia para que o professor caísse em alguma casca de banana.
- Quando resolvi empreender e deixar a segurança da CLT, sem saber nada sobre gestão.
- Ou quando entrei no mundo corporativo global, com reuniões 100% em inglês, num ambiente totalmente novo e hostil (o ambiente empresarial de NY é um dos mais competitivos que existe).
Nos momentos em que a gente sente a mão gelada e o coração acelerado, não é hora de recuar, e sim de avançar e persistir.
O desconforto é sinal de movimento.
De que algo está se expandindo, dentro e fora de você.
Eu não gosto de soar professoral (embora tenha sido formalmente professor universitário), mas se eu puder deixar um conselho, é esse:
Não brinque com o tempo e enfrente os seus medos!
A carreira, assim como a vida, precisa desses momentos de incerteza, de improviso, de vulnerabilidade. São eles que nos moldam e constroem quem seremos no futuro.
Embora a gente viva num tempo em que tentamos controlar tudo, métricas, prazos, o que realmente nos transforma costuma nascer do imprevisto.
O arrependimento quase sempre está nas coisas que deixamos de fazer, nas chances que não tivemos coragem de agarrar. Por isso, não espere ter certeza de tudo para agir.
E se quiser aprender a transformar o desconforto em crescimento, recomendo meu livro Global Workers: Escolha seu melhor futuro. Nele, conto como essa mentalidade é essencial para quem quer construir uma carreira com liberdade, flexibilidade e sentido no novo mundo do trabalho.



