Saiu, finalmente, a pesquisa 2024 sobre Global Workers da fintech brasileira Husky.
Disclaimer! Não tenho nenhuma relação com essa empresa, com exceção de admirar a iniciativa que eles tiveram de fazer uma pesquisa para traçar o perfil desse profissional brasileiro que trabalha remotamente para empresas estrangeiras, os chamados global workers.
A Husky é uma empresa de meios de pagamento, dentre várias que existem nesse ecossistema de remessas internacionais, utilizada por profissionais no Brasil para receber pagamentos mensais por seus trabalhos prestados para empresas estrangeiras.
Eu sei, eu sei, você percebeu a minha animação, mas deve estar se perguntando:
– Beleza, mas por que essa pesquisa é importante para mim?
Porque ela descreve o perfil desse profissional (os Global Workers!) e como é viver e trabalhar do nosso país para as empresas mais inovadoras do mundo, ganhando bem, e curtindo uma vida com flexibilidade e equilíbrio.
Mesmo assim, você tem todo direito de insistir:
– Legal, mas como esses dados podem me ajudar a me tornar um global worker?
Esses dados confirmam aquilo que acredito e venho compartilhando com vocês através da Gworker Letter e de nas nossas redes sociais, Instagram e TikTok.
Eles demonstram, através de números reais (foram cerca de 1600 respondentes!), como funciona esse universo dos empregos globais, o que precisamos fazer para alcançá-los, e a qualidade de vida que podemos ter unindo os dois maiores desejos profissionais: Bons salários e flexibilidade!
É isso! Cerca de 90% dos global workers afirmaram que estão felizes com seus empregos atuais e que ganhar bem e ter equilíbrio entre vida profissional e pessoal são os pontos altos.
Esse resultado nos aproxima da Finlândia, país com os mais altos índices de qualidade de vida e satisfação no trabalho. Para os global workers, Helsinque está mais próximo do que Buenos Aires e Assunção.
Quem não viu o meu post sobre o assunto é só clicar aqui.
Com base na minha experiência nesse mercado de recrutamento e gestão de profissionais brasileiros para empresas globais quero trazer os destaques da pesquisa que podem ajudar você, seguido da minha interpretação sobre cada ponto:
• A média salarial de um global worker é de 25 mil reais. Excelente para padrões brasileiros, mas eu arriscaria dizer que com a alta recente do dólar esse valor deve subir em 10-20% na pesquisa do próximo ano (caso esse aumento permaneça).
• Cerca de 80% possuem curso superior, o que nos chama atenção para os outros 20%. Embora não devamos nos inspirar pelo exemplo da minoria, isso demonstra um mercado menos formal e mais democrático.
• 98% dos global workers optaram por morar no Brasil, e citam a proximidade com a família e amigos, e a valorização do salário como fatores decisivos. O que não quer dizer que o global worker, dependendo da política de trabalho do seu empregador, não possa experimentar viver e trabalhar em outro país. Eu vi e até aprovei a mudança de vários profissionais da América Latina para países europeus, Canadá etc.
• English, english, english and if possible español. A quase totalidade dos respondentes afirmaram que falam inglês fluente ou avançado. Com uma parcela de cerca de 10% com nível básico ou intermediário.
Nenhuma surpresa quando o idioma para elaborar o currículo, enfrentar as entrevistas, e especialmente, se comunicar no dia a dia é, e será por um bom tempo, o inglês. Inclusive, quando estamos lidando com equipes localizadas em nossos vizinhos latinos.
A surpresa aqui foi o crescimento do espanhol entre os global workers brasileiros, que subiu das últimas pesquisas para essa, e atingiu quase 35%.
Aqui cabem duas observações interessantes:
1. O nível exigido do inglês tem estreita relação com a sua posição e sua senioridade.
Quem almeja posições no front (lidando com equipes e até clientes estrangeiros) e mais seniores (de quem se espera interação direta e cotidiana com a matriz estrangeira), certamente deverá estar com inglês mais afiado do que quem ficará trabalhando no back e se reportando a profissionais localmente. BUT, aqui está uma habilidade inegociável para quem quer avançar na carreira de global worker.
2. O espanhol passa a ser cada vez mais útil pelo seguinte motivo.
O profissional brasileiro que domina o espanhol, ao menos no nível intermediário, acaba ganhando a função de liderar a operação da empresa na região – América Latina -. Isso é um super diferencial, que permite ao empregador confiar a gestão da operação, ou até a expansão regional, a esse global worker brasileiro “hispano hablante”.
O espaço não nos permite uma análise mais aprofundada dos dados da pesquisa, mas prometo desenvolver isso com vocês em outras oportunidades.