O que tem de ruim em ser global worker?
“Você só conta vantagens de ser um global worker. Não tem nada de ruim ou nada a ver?”
Recebi essa pergunta esses dias pelo TikTok, e no início, minha reação foi de irritação. Senti uma provocação no comentário da pessoa (estou resumindo, porque ela foi mais agressiva).
Só que acabei percebendo que a pergunta nos deu a oportunidade de compartilhar mais da “vida como ela é”. E esse é meu compromisso desde que comecei esse trabalho de formiguinha nas redes sociais, com o livro e em nossa newsletter. Então, entendi que deveria lidar com a pergunta de forma serena, e aproveitar para trazer mais da prática da vida de um global worker para você.
Claro, nem tudo são flores. E eu nunca vendi essa ideia. Viver como global worker é ganhar autonomia, flexibilidade, liberdade geográfica, ser reconhecido e valorizado pela empresa estrangeira e ainda, – para muita gente, o ponto mais importante -, receber uma remuneração muito acima da média local.
Escrevo no momento que as pessoas estão enlouquecidas com o salto histórico do dólar acima de 6 reais. Não quero fazer promoção sobre esse tema, que incomoda uma grande maioria que pretendia viajar para fora, vai sofrer com o aumento de vários produtos e acaba sendo negativo para a economia como um todo. MAS, não para quem recebe em dólares… nós os global workers.
Voltando ao tema. Sim, existem coisas que incomodam e que podem nos deixar desconfortáveis. Vou compartilhar uma dessas que parece um detalhe, mas é capaz de lançar você em uma espiral negativa já nos primeiros dias de trabalho. Então, hoje não vou falar sobre currículos, entrevistas ou busca de vagas, mas sim dos primeiros instantes como um global worker, ok?
Você já ouviu falar em fun facts?
A prática é muito comum em empresas americanas e funciona quase como um ritual de integração (onboarding). Ou seja, a gente é pego de surpresa já nos primeiros dias quando ainda estamos nos ambientando com o trabalho e as pessoas. E como isso acontece?
Você liga seu laptop e quando começa a se apresentar para o seu time, ao invés de só dizer seu nome e função, precisa revelar algo “divertido” ou “curioso” sobre você. A intenção é boa, – a de criar conexões e quebrar o gelo -, mas o resultado muitas vezes acaba sendo um pouco constrangedor e desconfortável para nós.
Primeiro, porque os fun facts que os colegas americanos compartilham e que fazem a maioria do time rir e comentar, não fazem parte de nossa cultura. Portanto, não entendemos muito bem, o que já nos deixa em uma condição fora de nossa zona de conforto. Vou dar alguns exemplos reais que presenciei.
“Já me confundiram diversas vezes com a atriz Mary Ann XYZ”
“Adoro cantar no chuveiro as músicas do artista John ABC”.
Entenderam? Eu também não. Porque, em geral, não são pessoas que conhecemos como se estivessem falando da Nicole Kidman ou do Chris Martin do Coldplay. Muitas vezes são referências e até “fun facts” que entendemos, mas não soam divertidos para nós, para o humor brasileiro.
Além disso, ficamos pensando em nosso fato divertido, pois seremos os próximos a nos apresentarmos. O que vou falar na minha vez? Vergonha, insegurança, suor…
Bom, você não vai passar por isso, porque já vai pensar desde agora em algum fun fact interessante para falar em seu onboarding, combinado?
Minhas recomendações:
- Não traga nada muito pessoal e comprometedor. EX: “Na empresa anterior, eu era conhecido como…”
- Não compartilhe um caso que seja para se vangloriar. EX: Meus amigos me dizem que pareço com o Brad Pitt ou com a Angelina Jolie..”
- Cuidado com qualquer fun fact que tenha algum elemento discriminatório ou conotação política, religiosa ou sexual. EX: Existem vários, mas acredito no seu bom senso aqui.
Pense em algo leve, que todos compreendam (mentalidade global é umas das habilidades que abordo no livro!) e que não te exponha desnecessariamente. Fato é que os fun facts são bastante comuns e que agora que você já sabe, vai ter condições de se preparar e começar na empresa com segurança e conforto.
Esses temas práticos que fazem parte do meu cotidiano e que podem te ajudar muito serão aprofundados em nosso curso e mentoria. Em breve!