Todo mundo conhece algum global worker!
Sim, eu posso te garantir isso. Na semana passada, durante uma consulta anual de rotina, meu médico – um senhor já com mais de 70 anos – perguntou sobre o que eu andava fazendo. Contei um pouco sobre meu trabalho como executivo da HireRight, mas logo mencionei o projeto que realmente me motiva: compartilhar minha experiência com aqueles que desejam construir uma carreira global.
Eu pensei que explicar o conceito de global worker seria complicado, especialmente para alguém de outra geração e profissão. Afinal, ele nem faz parte do mundo corporativo. No entanto, para minha surpresa, não precisei de mais que dois minutos para ele entender.
Enquanto eu falava, ele comentou que seu filho também trabalha para uma empresa no exterior – direto de casa, aqui no Brasil. Bastou iniciar a conversa sobre o que significa ser um global worker para perceber que, muitas vezes, temos pessoas próximas vivendo essa realidade, mesmo que nem conheçam o termo.
O conceito de global worker pode ser novo para muitos, mas a prática já se enraizou em várias esferas. Quando começamos a prestar atenção e conversar com pessoas ao nosso redor, percebemos que essa rede de profissionais globais está mais próxima e mais comum do que imaginamos. Essa descoberta tem um valor especial para nós: é por aí que podemos começar a construir nosso networking e a cavar a nossa primeira oportunidade nesse universo.
Prefiro chamar isso de netplaying – a prática de buscar ativamente essas conexões, de forma fluida e natural – explorando nossos relacionamentos e conexões com pessoas que conhecemos. Esse é um dos melhores caminhos para darmos os primeiros passos no mercado de carreiras globais. A conversa com o meu médico só confirmou o que já observei muitas vezes: todo mundo conhece alguém que já está nessa jornada, mesmo que não tenha se dado conta disso.
No mercado de trabalho global, as oportunidades nem sempre aparecem em anúncios de emprego. Muito pelo contrário. Um terço dos profissionais que iniciam suas carreiras globais o fazem através de networking (a partir de agora, vamos chamar apenas de netplaying, combinado?) ou por meio de recomendações de pessoas que já trabalham em empresas estrangeiras. O search ativo de vagas (estratégia de busca, seleção e aplicação para vagas) tem seu valor, mas há algo único em ser indicado por quem já vive essa realidade.
Construir essa rede é mais do que enviar convites no LinkedIn; é buscar o contato real, ouvir as histórias e entender os caminhos que outras pessoas trilharam. Costumo definir o netplaying como a conexão espontânea e natural com pessoas do nosso convívio pessoal e profissional sem que estejamos esperando algo em troca. Precisamos parar de querer estruturar e “americanizar” tudo. Nós, brasileiros, somos naturalmente craques na arte de nos relacionarmos. Portanto, cada conversa nos aproxima um pouco mais de uma carreira global, ampliando nossas possibilidades e nos conectando a oportunidades que, talvez, não apareçam em um primeiro momento, mas lá na frente pode nos surpreender.
Então, minha recomendação é esta: comece seu netplaying agora. Pergunte, observe e, principalmente, esteja atento às pessoas ao seu redor. O mercado global não é tão distante quanto parece – ele está nos detalhes e no cotidiano ao nosso redor. Só precisamos estar abertos e disponíveis para escutar e aprender com o outro.
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“Sou mãe e trabalho presencial. O mercado de global workers tem oportunidades para mulheres acima de 35 anos?”
Na caixinha de perguntas do Instagram que costumo abrir toda semana, essa pergunta me chamou bastante atenção. Tanto que respondi, e você pode assistir ao vídeo clicando aqui.
Mas, eu gostaria de profundar o assunto com vocês. Ao longo de quase 15 anos trabalhando como executivo na indústria de staffing (recrutamento e seleção) tive o privilégio de trabalhar com pessoas de todas as idades, culturas e gêneros, e é notável como a diversidade enriquece o ambiente de trabalho.
Esse mercado não se limita a um perfil específico – ele está aberto a todos que buscam construir uma carreira global, independentemente de idade ou condição familiar. É um espaço onde as habilidades e a experiência contam mais do que qualquer rótulo ou limitação externa. Em outras palavras, o mercado de global workers é altamente diverso e inclusivo.
Nas equipes com as quais trabalhei, a maioria era composta por mulheres. Muitas delas são mães, e pude testemunhar como o trabalho remoto e assíncrono (onde as atividades não ocorrem ao mesmo tempo, e cada pessoa pode realizar suas tarefas no próprio ritmo e horário respeitando cada fuso horário) transforma essa experiência.
Cada país tem sua regra para licença-maternidade, mas, de um modo geral, vi muitas profissionais voltando ao trabalho depois desse período, compartilhando momentos especiais com seus filhos nos vídeos e calls. Essa flexibilidade é um dos maiores benefícios do trabalho global: a possibilidade de conciliar carreira e maternidade sem precisar se ausentar por longas horas.
Como pai de duas meninas, posso garantir que não tem preço poder estar presente durante a infância. Poder trabalhar perto dos filhos, estar disponível nos momentos importantes, é algo que o trabalho remoto proporciona de uma forma que poucas profissões permitem.
Se eu fosse uma mãe com filhos ou planejando ter filhos, consideraria esse mercado com toda a certeza. Essa é a verdadeira vantagem de ser um global worker: a liberdade de viver uma carreira sólida sem abrir mão dos momentos que realmente importam.
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Tanto o netplaying quanto como aprender a fazer search ativo de vagas são temas que estarão em nosso livro Global Workers: Escolha seu Futuro, que está chegando agora em fevereiro pela Editora Gente. Então, não percam esse lançamento!